domingo, 26 de janeiro de 2014

Premiação PWC 2013 SUPER FINAL Governador Valadares



Listar as qualidades intangíveis de um profissional do esporte, como a sagacidade, audacidade, competitividade, coragem, justiça, determinação, comprometimento, auto-confiança, adaptabilidade, o aceitar de suas limitações e descobrir como desenvolvê-las, a disciplina, é importante. Porque assim podemos qualificar o que produz um atleta que podemos dizer que goza de maturidade emocional desportiva. Às vezes ela vêm aos 20 anos, às vezes aos 30 ou aos 40. Todos os campeões do mundo tem isso, seja no aerodesporto, no automobilismo ou no esporte olímpico.

No parapentismo mundial descobrimos hoje que o campeão mundial de 2014 desenvolve estas qualidades paralelamente a suas técnicas aerodesportivas para o parapente, seja a leitura do céu como um urubu, blefar como um campeão do pôquer ou arriscar tudo como nosso campeão Ayrton Senna. O cara é Espanhol e chama-se Xavier Reina Lagos e voa a poucos anos. Ele diz que desde que entende-se por gente voa. "Sonhava em voar quando tinha 3 anos, diz Reina Lagos" e "sempre achei incrível a interação entre o corpo humano e substâncias etéreas como o ar."  Ele venceu o que falam ser a melhor superfinal da história do PWC com 10 provas validadas em diversas condições desafiadoras. Palavras do veterano competidor italiano Antonio Golfari: "Fantástico trabalho, uma das melhores senão a melhor superfinal que já tivemos. Bravo, bravo!"

E o dia começou mostrando que certamente teríamos uma super superfinal como sonhávamos. Pilotos olhavam para os céus do leste mineiro e já viam aquele que seria um dos grandes clássicos do voo valadarense, perfeito em todos parâmetros meteorológicos relacionados ao voo livre: nuvens altas mas não muito grandes e bem espaçadas, calor, sol abundante e vento na intensidade certa para termos uma competição que cruza o vale de Governador Valadares. A subida foi normal e a prova decidida pelos técnicos e meteorologistas de plantão um zigue-zague de 69km pelo vale com linha de chegada na feira da paz. Com líderes separados por poucos pontos, hoje seria o dia decisivo e com vários pilotos com reais chances de levar o troféu para casa. "O sistema de pontuação nos ajuda a definir os melhores", diz o encarregado de fazer a pontuação o escocês Ulrich Jessop. Ele define campeões não apenas se estes são rápidos, mas também se tomam riscos e se posicionam como líderes dos pelotões. "Se alguém pode perder tudo por voar sozinho ao invés de voar com a segurança de um pelotão, ele é honrado pelo sistema de pontos".  

A rampa estava repleta de canais de mídia satisfeitos com cobertura farta e acesso aos atletas. Turistas interagindo com atletas de alto nível e o time brasileiro mostrando sua força. O também mineiro e membro do time Mílton Gonçalves conclui para um dos canais de TV: esperávamos 5 ou 6 provas válidas, mas 10 provas deste nível numa superfinal é incrível. Os valadarenses da Associação de Voo Livre do Ibituruna fizeram um milagre aqui. e gostaria em nome do time brasileiro parabenizar o trabalho destas pessoas". A francesa Laura Sepet, secretária executiva do evento e também membro do comitê dirigente, completa a série de elogios ao fantástico trabalho dos valadarenses: "Trabalhamos um ano no evento de Baixo Guandu e tivemos uma reviravolta na reta final e o que aconteceu aqui em Governador Valadares foi simplesmente fantástico. Espero que tenhamos mais do mesmo aqui por anos e anos". Dió do time de translado de pilotos disse que "este evento não tem um organizador. Tem uma cidade e um povo que queria fazer e fez um evento. Alguns podem não se destacar, e por isso citar nomes seria injusto, porque são muitos os que fizeram o evento o acontecer". Chris Trow  da organização do PWC chamou os organizadores locais de "esplêndidos e absolutamente espetaculares na forma que conseguiram fazer acontecer o evento". O organizador local Charles Silva entra com uma opinião mais esotérica sobre o assunto: "parece que foi a mão de Deus trabalhando".  

A prova foi certamente a mais rápida e disputada. Frank Brown ficou como o sexto melhor parapentista do mundo e disse que a reta final da prova foi uma das mais competitivas que já participou. "Pelotões estavam competindo entre sí. Era como se enxames diferentes de abelhas estivessem brigando para chegar primeiro num campo florido usando táticas de grupo para vencer. Na última reta saí absolutamente no limite de risco tático e cheguei bem. Atravessei o rio Doce e cheguei muito baixo. Gostamos muito da prova que cruzava a água toda hora, porque o rio (por ser mais frio) cria condições legais de voo. Agradeço a organização, meus patrocinadores e a prefeitura municipal". O voador da ilhas Reunião Sebastien Coupy comenta sobre sua performance: "Passei uns 30 pilotos na reta final tomando uma decisão simples. Decidi subir apenas em térmicas acima de uma velocidade e assim acabei sendo mais rápido. Que campeonato incríivel."

O resultado da décima prova: Julien Wirtz da França em primeiro lugar, o também francês Maxime Pinot em segundo e o Espanhol Francisco Reina Lagos em terceiro. O campeão do que é considerado uma das melhores competições da história do esporte é o Espanhol Francisco Reina Lagos de apenas 24 anos. O vice-campeão é o italiano Joachim Oberhauser de 39 anos e quem fica com a medalha de bronze é Stephane Drouin da França. E a medalha de honra ao mérito é claro fica com os valadarenses que quiseram ter este campeonato e conseguiram.

Resultado do dia: http://pwca.org/results/results/t_1_9_1.htm?ts=140125183026

Resultado final geral: http://pwca.org/results/results/e_1_1.htm?ts=140125183026


por: Leonardo Bassani


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