Eram 12h30m quando Chris do PWC recebeu a prova do dia, no software que ele mesmo criou e que usa para notificar a organização sobre o posicionamento dos pilotos após o pouso. Graças a seu software que o PWC mantêm níveis extraordinários de excelência no translado pós-prova
dos competidores.
A prova decidida foi a mais longa até agora: 87km saindo do Ibituruna à São Geraldo de Tumiritinga na direção sul, continuando ao sul até Capitão Andrade, seguindo à oeste atravessando o rio Doce e a rodovia Rio-Bahia até perto de Alpercata, descendo mais à sul de Engenheiro Caldas e voltando para a linha de chegada atrás do Ibituruna, próximo ao bairro valadarense de jardim atalaia.
E o que aconteceu hoje foi uma versão melhor das condições meteorológicas mesmo quando previsões diziam "mais do mesmo". "A vantagem de Governador Valadares é esta", disse um dos pilotos sobre a cidade. E ele continua com seu relato dizendo que "apesar de termos indicações de altas possibilidades de precipitação nas imagens de radar, acredito que o ar está muito seco para o fenômeno se concretizar".
Pilotos tiveram o melhor dia de provas até agora. Ventos mais fortes e constantes e pernas contra o vento traduziram-se em mudanças de velocidade durante a prova que separaram o joio do trigo. O piloto brasileiro Gustavo Agne explica melhor: "um parapente é sensível aos mais mínimos movimentos atmosféricos, diz ele em seu suave sotaque gaúcho. Posso estar voando lado a lado e a menos de dez metros de alguém, e por algum motivo chegar 50m mais alto que ele depois de um quilômetro de voo por exemplo, o que pode traduzir-se em quilômetros de vantagem na próxima transição. É como dois carros estivessem numa estrada de terra; não tem como saber aonde irão aparecer buracos depois da chuva". Flúidos tem predisposição caótica, explica o relações públicas da Associação Brasileiro de Voo Livre Leonardo Bassani em diálogo com Guga. "É um pouco de sorte, um pouco de determinação, coragem, equipamento, experiência: um conjunto", diz o também experiente piloto brasileiro Mílton Gonçalves.
Entrevistado após pousar como o vencedor da prova do dia, o piloto francês Jean Marc Caron disse que "senti que poderia arrematar a prova com uma diferença considerável de pontos se tivesse tomado decisões mais sagazes, mas um lapso temporário de consciência crítica me pegou de surpresa. Por algum motivo resolvi arriscar passando por uma região de ascendência constante, ou ao menos era isso que esperava. Não poderia ter estado mais errado; tive que voltar para ganhar altura e por pouco fico "sem gasolina" bem na reta de chegada."
O brasileiro Frank diz: "foi uma bela disputa hoje e deu trabalho ficar voando em alta velocidade. Normalmente usamos nosso acelerador o tempo todo em voo, mas hoje tivemos que maneirar no arrojo apesar de ter tirado o dia para assumir maiores riscos de estratégia. Foi assim que acabei ficando em oitavo no geral", conclui o campeão que chega ainda mais perto do bolo dos líderes. O blogueiro Sérgio Kawakami, presente no pouso, presenciou a festa de pilotos que disputavam metro a metro por posições e preciosos pontos. "O parapente de Frank Brown está rendendo muito. Vi ele reduzindo o espaço que o separava do sul africano Andre Rainsford e acho que suas chances continuam grandes. Estamos torcendo por ele", completa.
Hoje o pódio foi dividido por três franceses: Jean Marc Caron, Yann Martail e Julien Wirtz. Os dez primeiros continuam embaralhados e a única certeza que temos é de uma das cartas será o trunfo. Podemos ver na frente de vez em quando zebras como o francês Honorin Hamard, mas os veteranos do circuito como o lendário Frank Brown, e o piloto de testes Torsten Siegel e o veterano Yann Martail estão rondando o pódio a menos de cem pontos do líder.
O campeonato está chegando perto do fim. Saberemos no sábado se quem ganhará será a experiência e a inteligência ou a audácia e a coragem.
Resultados completos: http://pwca.org/results/results/
Imagens e atualizações diárias: https://www.facebook.com/pwc2013
Por: Leonardo Bassani
