quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Paragliding World Cup 22.01.14 - Sexta prova


           O dia de hoje foi uma mistura de surpresas agradáveis. Primeiramente, céus de aspirante na alvorada transformaram-se em céus de brigadeiro durante o decorrer da sexta prova da Copa Mundial de Parapente. E a ida ao Ibituruna começou bem e superou as expectativas dos pilotos depois do que ontem tornou-se uma subida-aventura para o time de motoristas cedido pela prefeitura municipal e dedicado ao transporte e translado para o evento. 

           A segurança continuou a ser o tema do dia. A polícia militar mineira, que preparou-se especialmente para o evento, mostrou que empenho máximo fabrica resultados. Hoje suas viaturas chegaram ao hotel Realminas para identificar os suspeitos de um roubo que fez vítima um dos organizadores. Graças ao sistema de monitoramento da prefeitura e o trabalho dos oficiais de segurança, dois jovens foram identificados como os autores do crime sendo as devidas medidas de prevenção tomadas pelas autoridades. 

           Na rampa, pilotos aliviados. Na cidade, pilotos protegidos. No céu, um dia que parecia ser bom ao invés de fantástico. Todos foram surpreendidos por um cume encoberto e pilotos mais uma vez mostraram-se céticos quanto as possibilidade de uma prova dinâmica hoje. O francês Yann Martail, uma das estrelas do circuito mundial, mudou de opinião depois de receber observações fundamentadas do Dioclécio Filho, o Dió, que acabara de ser munido com novas imagens de radar meteorológico cortesia fora do escopo das competências do fotógrafo residente Ailton Catão. "Hoje criaremos dois planos de prova visto que nos parece que o dia pode ficar entre bom e fantástico". E sua previsão estava certa, só que com uma diferença: as duas aconteceriam na mesma prova e em sequência.

           A manhã continuou com a mídia fazendo sua presença ser sentida. Na rampa estavam a TV Alterosa com a excelente jornalista Patrícia Brasil, uma equipe paulista de documentaristas e a videografa de Reunião Magali Garnier, que trabalha para o governo da ilha-nação localizada no oceano índico. O blogueiro Sérgio Kawakami também estava lá fazendo postagens ao vivo no seu canal de informações esportivas airboysteam.com. A TV alterosa aproveitou os bons espíritos presentes na rampa e documentou momentos especiais de descontração. Decolagens geralmente são momentos de concentração e foco para muitos dos pilotos e Stefan Wyss da Suiça soltou num português carregado "Valeu galera" logo após decolar para seu voo.

           A jornalista e seu cameraman fizeram também várias perguntas ao porta-voz do evento Leonardo Bassani que simplificou o processo de voo àqueles que estão fora do mundo do aerodesporto: "Estão vendo esta série de nuvens aqui, disse apontando para o céu. Parapentes voam sob elas e é normalmente ali que ganham altura. Ao sair dali pilotos perdem altura, até entrar sob a próxima nuvem e subir novamente. E assim vão em frente, de nuvem em nuvem, cobrindo os quilômetros da prova. No final das contas os pilotos fazem uma prova de velocidade, com elementos cruciais de estratégia, sagacidade, instinto e poder de decisão baseando-se em fatos colhidos durante a prova."

          A prova hoje foi tecnicamente fácil, com saltos longos entre regiões encobertas e ensolaradas cruzando os céus do leste mineiro em partes de Divino Traíra, Alpercata, e outras cidades até a linha de chegada num campo agropecuário no entorno da cidade de Dom Cavati. Dioclécio Filho explica melhor: "A prova de hoje começou num ponto que é na antena de Alpercata e segue à um ponto atrás de Divino Traíra, seguindo a Porquinhos, Serra do Onça e voltando a Porquinhos onde foi a linha de chegada. No total foram 66km."

          O tempo, como supracitado, mudou muito entre uma largada sem vento e com a cidade encoberta à céus descritos pelos pilotos como perfeitos para a prática do esporte. Mas tempo bom não significa performance boa; pilotos precisam de um pouco de sorte. "Que diferença um dia faz", disse um dos pilotos que fez o voo que tornou-se uma teste de resistência devido ao que podemos chamar de "o voo do maior sortudo do PWC". "Estava abaixo de um morro já quase pousando e consegui 'tirar leite de pedra'. Subi dos 50m aos 400m rapidamente quando deparei-me com uma linha de energia elétrica cruzando o morro bem a minha frente. Tive que sair da térmica que certamente seria a 'salvadora da pátria' e que me levaria a linha de chegada. Mas ao invés de chegar entre os primeiros colocados acabei por pousar num charco cheio de taboas. Fiquei umas três horas com água entre a canela e a cintura pulando cercas com minha mochila enorme procurando uma forma de sair do lugar." 

          O resto dos pilotos confirmaram surpresas mais agradáveis e o presente da natureza foi mais prazeroso para eles. "Cheguei bem porque estas condições pegaram muitos pilotos de surpresa", disse o piloto Frank Brown com autoridade. "A prova foi uma correria, a mais veloz do campeonato até agora. Apenas 10 minutos separaram 100 pilotos. Atrasei uns cinco segundos e ao invés de chegar em segundo cheguei em décimo segundo."


           O americano radicado no Brasil Richard Pethigal deu uma perspectiva diferente que muito explica uma prova de voo livre de nível internacional: "Voamos como um enxame. Uma grupo de parapentes voa muito mais rápido do que um parapente sozinho porque o grupo consegue analisar uma área maior do céu. Assim se eu olho para parapentes subindo mais rápido do que eu a minha esquerda, o efeito cascata acaba levando o grupo inteiro àquela região nd céu que está subindo melhor", explica. "Tomei uma rota que era obviamente mais eficiente para voar sozinho, mas o grupo que havia tomado uma rota pior acabou tendo maior aproveitamento naquele trecho".


           E no final o pódio do dia ficou entre Honorin Hamard da França, Michael Sigel da Suiça e Yoshiaki Hirokawa do Japão respectivamente. E amanhã tem mais nos céus de GV. A previsão é para o melhor dia até agora, agora feita mais precisa com o radar do INPE instalado no pico do Ibituruna que nos ajuda a saber que tipos de nuvens estarão sobre a região com mais precisão. E sabe-se lá o que o comitê técnico vai criar desta vez. Será que teremos uma prova de 100km? Estamos torcendo para que nossos atletas mostrem toda sua competecêcia e comecem a reta final do PWC com o pé embaixo e a cabeça nas nuvens.

Resultados completos: pwca.org/results/results

facebook:  https://www.facebook.com/pwc2013



por: Leonardo Bassani

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